- A Austrália aprovou a primeira vacina do mundo contra a clamídia para coalas, anunciada em 10 de outubro.
- A vacina, desenvolvida pela Universidade da Sunshine Coast, reduz em 65% a mortalidade por clamídia entre esses marsupiais.
- O imunizante é de dose única e será administrado em hospitais de vida selvagem e clínicas veterinárias.
- A Australian Koala Foundation expressou preocupações sobre a prioridade de recursos, defendendo a preservação do habitat como prioridade.
- O desenvolvimento da vacina recebeu R$ 76 milhões do Fundo de Salvamento dos Coalas, com apoio dos governos federal e estaduais.
A Austrália deu um passo significativo na proteção dos coalas ao aprovar a primeira vacina do mundo contra a clamídia, uma doença que causa infertilidade e morte entre esses marsupiais. O anúncio foi feito na quarta-feira, 10 de outubro, após mais de dez anos de pesquisa da Universidade da Sunshine Coast, em Queensland. O imunizante, que requer apenas uma dose, demonstrou reduzir em 65% a mortalidade por clamídia em populações selvagens, além de diminuir os sintomas durante a fase reprodutiva.
Com a aprovação do regulador de medicina veterinária, a vacina poderá ser administrada em hospitais de vida selvagem e clínicas veterinárias, além de ser aplicada em campo para proteger as populações mais vulneráveis. O microbiologista Peter Timms, líder do estudo, destacou que a vacina é uma solução crucial para conter a rápida disseminação da clamídia, que é responsável por até metade das mortes de coalas em algumas áreas.
Debate sobre a aplicação
Apesar do avanço, a implementação em larga escala da vacina gerou controvérsias. A Australian Koala Foundation levantou questões sobre a prioridade de recursos, sugerindo que a preservação do habitat deve ser a principal preocupação. Deborah Tabart, presidente da fundação, afirmou que vacinar 100 mil animais é uma tarefa impraticável e que a destruição das florestas contribui para a vulnerabilidade dos coalas. Estima-se que a população de coalas na natureza varie entre 224 mil e 524 mil, mas a fundação acredita que o número real seja inferior a 100 mil.
O Conselho de Conservação de Queensland também reconheceu a importância da vacina, mas enfatizou que a perda de habitat, causada por incêndios, mudanças climáticas e urbanização, continua sendo a maior ameaça à sobrevivência da espécie. Os coalas já estão classificados como espécie ameaçada em várias regiões, incluindo Queensland e Nova Gales do Sul.
Investimento e apoio
O desenvolvimento da vacina contou com o apoio financeiro dos governos federal e estaduais, com um investimento de 76 milhões de dólares australianos (cerca de US$ 50 milhões) do Fundo de Salvamento dos Coalas. O ministro do Meio Ambiente, Murray Watt, ressaltou a necessidade de combater doenças como a clamídia, que afetam a saúde reprodutiva dos coalas. Diferentemente do tratamento com antibióticos, a vacina não interfere na dieta dos coalas, que se alimentam exclusivamente de folhas de eucalipto.