- A Operação Carbono Oculto, a maior ação contra o crime organizado no Brasil, revelou a conexão entre notícias falsas sobre o Pix e o fortalecimento do Primeiro Comando da Capital (PCC).
- O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o secretário especial da Receita Federal, afirmaram que a desinformação prejudicou a fiscalização das fintechs, que são canais financeiros do PCC.
- O governo responsabilizou um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) pela revogação de normas de fiscalização, considerada um erro grave.
- A revogação ocorreu em resposta à pressão nas redes sociais, evidenciando que decisões de Estado não devem ser influenciadas pela comunicação política.
- O caso destaca os riscos de usar pesquisas de opinião para decisões governamentais, que podem comprometer a implementação de políticas consistentes.
A Operação Carbono Oculto, deflagrada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), expôs a gravidade da relação entre notícias falsas sobre o Pix e o fortalecimento da facção criminosa. Considerada a maior ação contra o crime organizado no Brasil, a operação foi acompanhada por declarações do presidente Lula e do secretário especial da Receita Federal. Ambos afirmaram que a desinformação, amplificada por um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), prejudicou a fiscalização das fintechs, que se tornaram um dos principais canais financeiros do PCC.
O governo responsabilizou o vídeo pela revogação de normas de fiscalização, o que, segundo as autoridades, foi um erro grave. Se a fiscalização era necessária, como reconhecem, sua revogação representa uma contradição. O que realmente beneficiou o PCC não foi apenas a postagem, mas a decisão de revogar a norma, que ocorreu em resposta à pressão das redes sociais. Essa situação ilustra um problema recorrente: decisões de Estado não devem ser guiadas pela lógica da comunicação política.
Riscos da Comunicação Política
A utilização de pesquisas de opinião como base para decisões governamentais pode gerar distorções. Primeiramente, a política se torna uma fotografia do momento, sem diagnósticos estruturais. Em segundo lugar, cria-se um efeito plebiscitário, onde cada pesquisa se transforma em um referendo sobre o governo. Além disso, a lógica da campanha permanente prioriza medidas de apelo imediato em detrimento de políticas de longo prazo.
A fragilidade metodológica das pesquisas também é um risco, pois podem apresentar margens de erro significativas. Quando essas pesquisas dominam as decisões políticas, a gestão pública se torna vulnerável à volatilidade, comprometendo a implementação de políticas consistentes. O caso do Pix é emblemático, pois revela os perigos de confundir comunicação política com comunicação de governo.
Enquanto a primeira busca ganhos imediatos, a segunda deve garantir transparência e legitimidade institucional. Subordinar políticas públicas à lógica da comunicação política pode aliviar pressões momentâneas, mas enfraquece a autoridade do Estado e compromete a coerência do governo.